sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Décimo Capítulo.


 Abri os olhos por culpa da claridade e.... bem, por causa de uma coisa me
cutucando a bunda.
Olhei de esguelha e era real, Joe estava ali comigo, ressonando bem
baixinho, e eu com um sorrisinho bobo no meio da cara.
Não dava pra ser perfeito né? Mas até aquele ronquinho baixinho o deixava
sexy. O cabelo caia um pouco sobre o olho fechado e os lábios dele estavam
entreabertos, tentei não fazer movimentos bruscos para descer da cama mas
assim que me afastei um tantinho atoa ele me puxou com tudo me agarrando
forte e aquela coisa dura logo de manhã roçando na minha bunda.
Ele continuava dormindo, mas havia parado de ressonar, tentei me afastar
novamente, estava estranho aquilo ali, minha camisola mais parecia uma
blusa, toda embolada acima da cintura e a mão dele sobre meu abdome.
Os dedos dele começaram a deslizar para cima, eu paralisei, meus olhos
estavam pra lá de arregalados e então senti seus dedos em meu mamilo,
acariciando tão delicadamente quanto se estivesse passando uma pluma.
Meus olhos de arregalados começaram a se fechar aos poucos, revirando e
revirando, minha respiração presa se esvaindo de meus pulmões lentamente,
mão que outrora era delicada se fecha de uma só vez em meu seio, de repente
voz rouca me alcança os ouvidos e todos os pelos do meu corpo se arrepiam!
— Aonde você pensa que vai?
— Fazer xixi. — Fazer xixi? Eu disse isso mesmo? Senhor eu disse sim!
Foi mico, mas ele me soltou na mesma hora. E eu como sou muito
inteligente saí correndo para o banheiro.
Como um leão enjaulado (no banheiro de quatro metros quadrados),
andando de um lado a outro, o que fazer? O que fazer? Não tinha nem como
ligar pra Sel! Ah! O que estou pensando? A primeira coisa que aquela maluca
me diria é: dá pra ele!
Será que devo? Não que eu não possa, afinal de contas como diria a Lady
Kate, eu tô pagando. Meu coração a mil migrou do peito pra minha
garganta, começava a suar. Banho! Um banho frio vai resolver a situação!
E foi isso mesmo o que fiz me enfiei por inteiro debaixo do chuveiro e
quando saí... estava morrendo de frio e de vontade de transar com ele.
Escovei os dentes, fiz o máximo de hora possível! Mas em algum momento
precisaria sair e foi isso que fiz, saí! Disposta a me jogar naquela cama e me
jogar naqueles braços musculosos e cheguei cheia de atitude no quarto,
praticamente jogando os cabelos, toda sexy, enrolada na toalha e.... Ué, cadê o cara?
Meu narizinho foi agraciado pelo aroma do café que invadia o quarto. Ouvi
os passos dele e me virei, estávamos ambos de toalha, ele também tomou
banho.
Ele tomou banho? No banheirinho de empregada? Mas lá só tem água fria!
— Quer?
— O quê?? — cara! mais é um mico atrás do outro, fiz uma cara de espanto
achando que ele estava se oferecendo, mas estou tão paranoica com isso de
sexo que nem me dei conta da xícara que ele esticava na minha direção. E foi
aquele sorrisinho dele que me fez despencar do mundo da lua.
— Café.
— Ah! É, é.. er.. am... é ... — dei uma risadinha do tipo hi hi hi,
balançando a cabeça em negativa, Meu Deus abra um portal para outra dimensão e me
suma daqui! Responde alguma coisa sua maluca!
É, não saiu nada da minha boca, eu só estiquei a mão e peguei a xícara
fumegante, bebi um pouquinho, bem devagarinho, afinal, estava pelando! E
ele tomou o dele.
— Hmm, gostoso. — elogiei, estava mesmo.
— Eu sei. — ele passou a mão livre no abdome. Eu não acredito que estava
se referindo a ele próprio!
Segurei a dignidade e fui me vestir, ele saiu do quarto ainda de toalha e
entrou no banheiro.
Coloquei um conjunto simples de calcinha e sutiã, um short jeans e uma
camiseta branca.
Joe surgiu ainda de toalha, barba feita, muito cheiroso. Passou por mim e
ficou nu, sem o menor constrangimento e só então foi vestir uma cueca. Fiz
de conta que aquilo tudo era muito natural e fui saindo de fininho pra arrumar a
bagu... Cadê aquela bagunça absurda?
Ele arrumou o apartamento? Mas em que momento ele fez isso? Fiquei
bege! Fui até a cozinha e estava tudo lavado, tudo organizado, que loucura!
— Preciso fazer uma observação, Demi. — se escorou no portal da
cozinha.
— Tá, mas espera um segundinho. Você arrumou tudo? — ele fez que sim e
colocou mais um pouco de café na xícara, contou mentalmente as gotas de
adoçante enquanto seus lábios se mexiam sutilmente. — Obrigada, puxa,
isso foi muito gentil da sua parte!
— O que? Lavar uns copos?
— Amm... por tudo! Lavar, arrumar e bancar o noivo tesudo... E qual a
observação quer fazer? Olha se for pelo dinheiro já está na sua conta desde sexta!
—  É sobre você.
— O que... o que... eu? O que tem eu?
— Apenas uma observação. — Joe deu uma golada no café e me olhou nos olhos — Você está a fim de mim?
Ai Jesus Cristo. Senti meu queixo bater de nervoso, então me virei pra
pegar... pegar... er... a manteiga! Na geladeira.
— Que bobagem é essa? De onde tirou isso?
— Do beijo de ontem, da sua reação hoje quando acordamos, do quanto
demorou no banheiro, deixa ver o que mais... e da maneira como gagueja
quando fala comigo.
— Cara, seu ego é mesmo muito inflado né?
— Meu ego? Vai querer me convencer que não tá ficando maluquinha
comigo?!
— Não estou nem um pouco, eu sou lésbica se quer mesmo saber. Desde
que meu namorado terminou comigo. — bati a porta da geladeira, irritada!
— Então tomou banho frio só de onda né?! — Agora ele estava rindo
novamente e na minha cara.
Se aproximou normalmente me imprensando contra a geladeira, colocou a
xícara dele sobre a pia e voltou seu olhar pra mim. Minha respiração novamente
me deixando na mão! Meu coração é um traidor miserável! Pulando como se
tivesse corrido a maratona da São Silvestre!
Aquele corpo todo em cima de mim, me inebriando com seu perfume, com
seu peito desnudo, com aquele abdome definido, com aquele cabelo úmido e
as mãos, ai, as mãos segurando firme meu quadril e os olhos castanhos
esquadrinhando minha alma.
Seja forte, seja forte!
Não me movi um milímetro e ele sorriu. Mas que merda! O que será que ele
estava pensando? O que? Pior ainda foi quando mordeu o lábio enquanto
enterrava ainda mais os dedos na minha pele e foi até minha orelha
mordiscar o lóbulo, me deixar sem fôlego, sem ação, sem lembrar nem mesmo o nome
da minha mãe!
— Lésbica né?!
Sabe Deus de onde tirei forças, mas me desvencilhei dele e fui para o
corredor, soltando de uma vez o ar. Droga! Parece que voltei aos meus
quinze anos! O mesmo aperto na barriga, as tremedeiras na perna, tudo, tudo!
 Por um homem que vende sexo!
Fui o mais rápido possível para o quarto que havia feito de escritório,
precisava trabalhar, ou fingir pelo menos!
O vi passar e voltou já vestindo uma camisa.
— Vou sair, querida. — debochado, desgraçado — Não precisa me esperar
para o almoço, na verdade, devo voltar só na quarta-feira.
— Quarta-feira?
— Quarta-feira. Tente não se matar com aquele vibrador, e não estou
falando do bullet na gaveta de calcinhas não, mas daquele disfarçado de
soldadinho inglês.
Acho que abri uma boca tão grande que era possível encaçapar uma bola de
basquete dentro dela! Como ele sabia do...? Aff... Como não saberia? Esses
brinquedinhos ele devia conhecer todos...
Fiquei tão passada com o que ele disse que além de não responder nada, fiz
questão de não ligar, nem mandar nenhuma mensagem!
Assim que pisei no escritório no dia seguinte, Selena veio com um mega
sorriso.
— E aí?
— E aí que ele é um grosso!
— Ah disso a gente já sabia né?! Quero saber se foi gostoso?!
Fiz uma tromba gigantesca e Sel envergou a boca num bico de lado.
— Ah fala sério, Dê.
— Nenhuma palavra quanto a isso!
— O cara tava lá disponibilíssimo, gostosíssimo, mercadoria paga e você de
babaquice!
— Tem coisa muito mais importante que fuder com um prostituto.
— Como o que por exemplo?
— Você por acaso se deu conta que não sabemos nada desse cara? Nem
onde mora, qual a rotina dele, o nome dele! — eu enumerava nos dedos.
— Pelo menos sabemos que ele não tem Aids.
— Aff... não dá pra conversar com você.
— Tá e você pretende investigar o Joe...
Ela falou de brincadeira, mas a sobrancelha esquerda que levantei a fez
revirar os olhos.
Estava tão preocupada com meus sentimentos (a fatídica constatação de
estar apaixonada pelo Joe), que me esqueci completamente na análise que
solicitei na Junta Comercial.
Abri meu e-mail e descobri o nome do dono da Galáctica S/A, Paulo Couto
do Nascimento.
Peguei o endereço e não quis saber de porra nenhuma.
— Aonde você vai ô maluca? Tem reunião de coordenação às duas!
— Ainda são dez da manhã, relaxa, volto em tempo, qualquer coisa, tranca
banheiro dos deficientes e diz que estou lá com diarreia!
— Ah! Capaz!
— Fui.
Saí discretamente e alcancei o primeiro taxi que passava, muita sorte,
seguimos para o endereço da Galáctica S/A.
— É aqui, moça.
— Ah obrigada.
— Paguei ao motorista e desci do taxi um tanto quanto chocada.
Estava em um bairro decadente da zona norte do Rio, perto da linha do
metrô, tudo tão estranho, conferi novamente e era lá mesmo, apertei o
interfone do 302 e uma voz masculina atendeu.

Continua...

Nono Capítulo

 Ninguém o viu chegar!
Aquela cara de safado dele, me deixou com uma leve contração no baixo
ventre. Que nervoso! Ele estava segurando o lábio inferior nos dentes, de
olhos semicerrados e fazendo que sim com a cabeça.
Gelei. Parei toda sem graça. E foi minha reação totalmente inesperada que
fez com que as meninas se virassem para ver o que havia me feito paralisar.
Joe. De calça social grafite e blusão social branco, com um paletó pendurado no
braço cruzado, me encarando.
— Oi Joe! — Sel estava muito mais embriagada que eu! — Meninas esse é o noivo, namorado marido da Demi!
Éramos dez no total, uma zona do cacete, todas pra lá de Bagdá! Cerveja,
Vodca, caipirinha, rum e muita tequila foram o combustível alcoólico para
nos manter no brilho!
Elas começaram a rir e a gritar “ Hmmm, Demizinha", "arrasou meu bem!”
entre outras coisas...
Joe cumprimentou a todas meio por alto e veio até mim. Me deu um selinho
atoa com a mão na minha cintura.
— E aí Joe? Tá aprovada? — Será que a Sel não sabia calar a boca??
E eu morri! Quando ele me apertou a cintura e deslizou a mão até minha
bunda apertando de leve e me puxando pra ele. Depois se virou pra Selena e
respondeu...
— Essa já é a roupa da nossa Lua de mel?
As meninas gritando e rindo ainda mais! E eu com a cara no chão!
Mas aí me deu um calor absurdo, ainda com a mão na minha bunda, colou
seus lábios na minha orelha, sussurrando...
— Muito gostosa. Tô de pau duro querendo meter fundo nessa bocetinha melada.
Senti latejar lá em baixo e um arrepio percorreu minha nuca.
— Deixa de ser safado.
— Não tem como. Vou tomar um banho e tocar uma punheta pensando na
recepção que tive.
Joe acenou para as meninas como se estivesse encabulado e seguiu pra
dentro do quarto.
As meninas ficaram eufóricas com a chegada do Joe. E tenho certeza de
que ele ouviu os gritinhos agudos que elas dispensaram quando ele fechou a
porta do quarto atrás de si.
Não demorou nada pra que fossem embora! Miley levou os presentes e
Sel decidiu que a festa continuaria no apartamento dela, mas foi a última a
descer. Claro! Precisava me dar instruções!
— Se você não der pra ele, nossa amizade acaba hoje!
— Você tá louca?!
— Você que tá de não aproveitar! São dezoito mil Reais! Acorda sua
retardada! — então gritou bem alto — Tchau Joe! Estamos indo!
E saiu do apartamento empurrando a língua na bochecha, me dizendo “ paga
um boquete!”
De repente me vi no apartamento, sozinha, na maior bagunça de papel de
presente rasgado, copos espalhados pra todo lado, restos de salgadinhos em
bandejas e um garoto de programa possivelmente se masturbando no meu
banheiro.
Fui trocar de roupa, aquilo estava tudo muito insano.
Já estava sem o sutiã, indo o mais rápido possível pra que... não adiantou
porra nenhuma, Joe abriu a porta do banheiro e deu de cara comigo, de
cinta liga branca, meia calça oito oitavos branca, sapato vinilico vermelho de salto alto
e de seios de fora.
Primeira reação, impulsiva - cobrir os seios com as mãos. Primeira reação
dele, sorrir de lado com a maior cara de safado que eu já vi na vida!
Segunda reação, involuntária – sentir meu sexo se apertar, umedecer e
latejar ao mesmo tempo. Segunda reação dele, tirar do tronco a toalha que
lhe cobria a nudez, revelando sua ereção.
Ficou se tocando, puxando seu pau na mão, alisando do tronco a cabeça
exposta, sem deixar de me encarar.
Não era uma dessas picas gigantescas, do tipo tripé vinte e cinco
centímetros... que a gente costuma ver nos filmes pornô, mas devia ter uns
vinte centímetros com certeza! E era grosso, muito grosso, era de fato como na
foto da internet.
Foi inevitável não encarar aquela coisa com as veias saltando, ele continuou
se tocando e eu encarando boquiaberta, paralisada, sentindo mil coisas ao
mesmo tempo.
As comparações são inevitáveis, Wilmer era muito menor que o Joe! Na
grossura então, nem se fala!
— Você quer que eu te fôda, tá morrendo de vontade de ter uma pica de
verdade te penetrando, não é?
Eu não conseguia falar nada só fiquei parada, feito uma idiota.
ThéoJoe deu o primeiro passo, me senti empurrada por uma força estranha, e
dei um passo também em direção a ele.
Ele se sentiu mais confiante e deu os três últimos passos que faltavam para
estarmos tão próximos que era possível sentir seu hálito mentolado.
Joe esticou as mãos e tocou meu ombros de leve, descendo para meus
braços, os descruzando da frente dos meus seios. Me expondo a ele, numa
lentidão ao mesmo tempo sensual e angustiante.
Meu coração batia na garganta, então ele diminuiu ainda mais a distância
entre nós, me olhando nos olhos, maxilar tensionado, as narinas sutilmente
dilatadas, mas a respiração dele era controlada, enquanto a minha era
exaltada, exasperada.
Engoli em seco.
Joe molhou os lábios na língua e tocou minha boca suavemente, meu
corpo inteiro estremeceu quando senti seu membro em meu umbigo, duro,
excitado, faminto.
E foi por estremecer e suspirar que ele descolou nossas bocas bruscamente.
Me olhou com os olhos semicerrados, de um para o outro, acho que na
minha cara estava estampado um pavor absurdo!
Senti o membro dele relaxar um pouco e Joe se afastou. Respirou muito
fundo mesmo, soltando o ar pela boca de uma só vez, pegou uma muda de
roupas quase que correndo e saiu do quarto, sem dizer uma só palavra.
E foi estranho porque assim que ouvi a porta da sala bater, uma música do
Leny Kravitz começou a tocar, não me lembro de tê-la colocado na playlist.
também não combinava em nada com o momento do chá de lingerie!
Calling all angel.
http://www.kboing.com.br/lenny-kravitz/1-50152/
Sabe quando dá vontade de chorar? Me senti assim e não pude evitar as
lágrimas, aquela música malditamente romântica tocando e eu me esvaindo
em lágrimas e coriza, tomei um banho rápido e vesti uma camisola de algodão e
me deitei.
Foda, a música ficou repassando na minha cabeça! “ Toda minha vida, Eu
tenho esperado alguém para amar” aquela voz triste cantava, eu realmente
não me lembro de deixar essa música pra tocar.
Não consegui pregar o olho, fiquei rolando de um lado a outro horas e horas
e quando ouvi o barulho da porta fiquei nervosa. Olhei no celular, quatro da
madrugada. Me virei de lado, fingindo dormir, ele voltou!
Mas só entrou no quarto muito tempo depois, ficou com a porta aberta, eu
fingi estar dormindo, mas abri os olhos bem pouquinho e pude vê-lo
escorado no
portal, cabeça reclinada também encostando no portal de madeira, me
olhando um bom tempo, pensando em alguma coisa, então esfregou o rosto e andou 
até o outro lado da cama, se deitou ao meu lado sem fazer muito barulho.
— Demi. — não respondi, fiz que estava no décimo sono! Então ele entrou
para baixo do lençol que me cobria e se aconchegou a mim.
Meu coração disparou, o corpo dele estava quente e podia sentir cheiro de
whisky, ele passou o dedo de leve no meu cabelo, tirando-o do meu rosto,
tenteimanter a respiração controlada, mas tudo o que consegui foi prendê-la.
Morri quando senti seus lábios tocando meu pescoço ao mesmo tempo que
seus braços me puxavam pra ele, me colocou recostada em seu bíceps,
minhas costas em seu peito e seu braço direito enlaçando minha cintura.
Suspirou e voltou a respirar normalmente e seu braço relaxou, deixando o
peso em meu corpo. E foi aquela respiração que me acalentou a alma e
adormeci.

Continua...

Oitavo Capítulo

— Sinceramente, não consigo definir uma imaginação fixa, até de professor

já te imaginei.

Joe deu uma risada dessas que vira a cabeça pra trás.

— Professor? Puxa vida, eles são muito mal remunerados, pra você pensar

desse jeito...

— Não foi por eles ganharem mal, foi pela forma como se expressa.

— Hmm, entendi. Você faz uma ideia bem preconceituosa dos

acompanhantes, não é Demi?

— Claro que não! Ou acha que estaria aqui?

— Não sei... Acho que acima do seu preconceito, está seu orgulho ferido.

— Pode acreditar, é só o orgulho ferido mesmo.

De repente ele ficou quieto, pensativo.

— Demi, vou precisar da cópia da chave. Tudo bem?

A cópia da chave do meu apartamento??? Ai Jesus, estou mesmo certa

disso?

Dei uma última golada no vinho e sorri, balançando a cabeça em afirmativo.

Estava confiando cegamente num garoto de programa! Um cara que mal

conhecia!

Quanta estupidez!

Foi estranhíssimo olhar todos os dias daquela semana para os objetos do

Joe, parecia mesmo que havia um homem morando comigo! E que homem

cheiroso! Depois que ele saiu lá de casa na terça-feira, fui fuxicar as coisas dele, cheiro gostoso, perfume, loção, shampoo... Até as roupas dele, foi quando vi

meu reflexo no espelho acima da cômoda. Deus. Estava com a roupa dele nas

mãos, inalando seu perfume. Apertando-a entre os dedos.

Coloquei de volta, imediatamente! Meu Deus! Meu Deus! Meu Deus! Eu

estava mesmo apaixonada por ele!

Ele não deu sinal de vida desde o momento que saiu do meu apartamento.

Passei a semana praticamente em prantos!

Sel, ficou comigo no banheiro do escritório, a maior parte do tempo.

Estava com tanta raiva de mim! Mais uma vez estava fadada a sofrer por um amor

mal resolvido, mal escolhido, mal intencionado, mal tudo!

E foi quando resolvi que ele jamais poderia saber o que estava sentindo por

ele! Com certeza iria se aproveitar pra tirar todas as minhas economias!

Como fui burra! Como fui estúpida! Estava mesmo a fim de um homem que transa

com outras mulheres e outros homens também, e por dinheiro!!

Tipo, naquele instante, o que estaria ele fazendo? Comendo quem? Alguma

bunda? Alguma boceta? Que desgraçado! Como ele pode ser tão lindo e tão

sensual e a imagem da foto dele na internet não saia da minha cabeça, aquele

abdome bem marcado pelos músculos, aquela pélvis depilada com aquela

rola grossa e.... Jesus!!! No que estou pensando?? Para agora!!!

Não foi nada fácil pra mim, perceber e cair na real que estava me

envolvendo com o Joe, e pra mim era por sentimento, ele, por dinheiro.

E voltei correndo para o banheiro, segurando as lágrimas, e o nó na

garganta. Sábado chegou, as meninas chegaram, meu apartamento ficou lotado e

graças ao meu bom Deus, a vagabunda da Ashley não resolveu aparecer.

Em compensação meu irmão, que estava ao telefone com Miley, quis falar

comigo.

— Alô, oi Nick.

— Oi é o caralho! Eu ouvi uma coisa da Miley que não tenho certeza se

estava com muita maconha na ideia... ou se ouvi direito. Você está morando

com uma cara?

— É, mais ou menos...

— Mais ou menos? Como assim mais ou menos?

— Ele passa a maior parte do tempo aqui, mas ainda não nos juntamos, se é

essa sua preocupação. E outra coisa! — caiu a ficha que ele não tinha o

direito de falar assim comigo — Além de ser dona do meu nariz, me respeita! Sou sua

irmã mais velha!

Miley levantou os olhos e fiz sinal que iria a estrangular!

Passei o telefone e ela ficou toda sem graça.

Nick estava muito enganado pensando que poderia se meter desse jeito na

minha vida!

Ele tinha vinte e oito anos e desde que assumiu a gerência da pousada dos

nossos tios, estava se achando a última ruffles do pacote!

Nossos tios estavam morrendo de orgulho dele, o que só fazia aumentar-lhe

o ego. Também... meu primo Sterling resolveu se assumir e se mandou para

viver com seu bofe magia em Macaé! Vida louca... Ainda me lembro, no Ano

Novo o sem noção resolveu presentear os pais, levando o Logan pra conhecer a família,

ficamos de cara! Tipo, uma coisa é “ será que ele é?” outra coisa bem

diferente é ele aparecer com o boy lá em pleno Ano Novo! 

Sel estava mais animada que nunca, chegou primeiro que todas e já foi

logo se enfiando apartamento adentro, fuxicando nas coisas do Joe,

cheirando, analisando, fazendo várias caretas!

— Menina, mas esse homem é muito chique... Olha só essa gravata lilás!

Demi você já viu a marca dessa gravata? É Chanel! Que tipo de garoto de

programa usa gravatas Chanel? Demetria! Você reparou nisso?

— Lógico que eu reparei! E também me liguei que boa parte desses luxos,

somos nós quem vamos bancar nos próximos meses! Sua piranha!

— Ah deixa de ser escrota e aproveita então, otária!

— Aproveitar o que exatamente, sua quenga?

— O homem! Sua burra! Um homem desses, com uma piroca dessas a

gente não encontra por aí não, eu mesma já andei conferindo essa semana

umas coisas que... Deus me livre... cara, ontem fui lá na boate que te falei na

Barra, com a Taylor, garota... acabei me rolando num canto com um gato! Mas

quando botei a mão dentro da cueca dele.... Puta que pariu...

— O quê? Era pequeno?

— Pior.

— Pior como?

— O cara tinha piru de bengala.

— Como é piru de bengala? — a essa altura já estava rindo.

— Ué, bengala! Não sabe como é uma bengala? Fina e torta na ponta.

— O quê? — cai na gargalhada — Você tá zuando...

— Não tô não! Tirei foto e tudo!

— Mentira!

Foi quando ela puxou o celular do bolso e me mostrou, não sabia se

continuava tendo uma crise de riso ou se me lamentava. Caralho! O cara

tinham mesmo a piroca mais torta da face da Terra! Era grosso na base, perto da

pélvis e ia afinando e na ponta entortava pro lado esquerdo de uma tal maneira!

Nunca vi algo assim antes!

— Amiga que roubada!

— Pior é que ele queria que eu chupasse, vê se eu tenho cara de quem fica

chupando caramelo natalino?

Tentava parar de rir, mas a Sel é mestra em falar coisas sérias como se

fosse uma piada!

— Fuder, nem pensar! Como é que isso aí entraria em mim, nem que ficasse

brincando de bambolê! — ele ficava virando o quadril num semicírculo e eu

me acabando de rir!

Nesse momento, as meninas começaram a chegar, trazendo cada uma o

combinado. Eu daria as bebidas, elas os aperitivos.

Estava tudo tão animado que até me esqueci por um momento do Joe.

Sel estava inspirada na bobeira! Miley radiante com as roupas intimas que

estava ganhando.

Só mesmo um conjunto que a Taylor deu que não daria nela de jeito

nenhum, Miley é muito magrinha e muito pequenininha, o conjunto rendado

extremamente sexual de cinta liga, meia, sutiã meia taça e calcinha fio dental ficou

parecendo uma fantasia de carnaval! Rimos à beça dela!

— Experimenta você, Demi. Com seu tom de pele moreno vai ficar melhor

que em mim! — Miley era bem branquinha de cabelos curtos castanho

escuro, parecia uma sósia da Branca de Neve.

— Tá! Vou experimentar! — já estava muito chapada a essa hora, de tanta

caipirinha de vodca misturada com cuba libre.

O conjunto caiu perfeitamente em mim!

Apareci na sala, vestindo a lingerie, e coloquei um sapato de salto vermelho

de vinil só pra zuar mesmo. Comecei a dançar conforme elas ficavam

cantarolando música de streap tease.

Não é pra me gabar não, mas meus cento e dez de quadril fazem a diferença

numa dança dessas em que a gente vai rebolando até o chão e isso pra mim,

sobre um salto agulha não é nada! Quem aguenta ensaio da Mocidade meses à

fio, uma reboladinha sensual até o chão é fichinha!

E estava eu, rebolando quase encostando a bunda no chão, de costas para

as meninas e resolvi subir como uma dançarina de poli dance, empinado a

bunda exposta com um fiapo microscópico que desaparecia por baixo da cinta liga,

me sentindo a Beyonce do Largo do Machado! Joguei minha cabeça para trás,

levando meu cabelo junto, que bateu feito um chicote no meio das minhas

costas e me virei toda sensual pra olhar as meninas.

Elas estavam gritando horrores, e dei de cara com Joe, parado na porta da

sala.

Continua...


Sétimo Capítulo

Me desculpem pela confusão, enviei os capitulo 5 e 6 na ordem errada. Releiam, pode ser que fique mais fácil de entender....
 Agora o capítulo.

morando junto e tudo. – S
Choquei! Ela não contou pra ninguém! – M
Pra Letícia não tentar roubar... – S
Naquele instante, parei um pouco de pensar, acho que parei até de respirar.
Levei minha mão à boca, segurando minha incredulidade diante dos fatos.
O plano era apresentar o Joe como namorado e “ desmanchar” logo depois
do casamento, agora estava no status de noiva? Como sairia dessa merda?
Terminar um namoro é uma coisa, mas um noivado é passar atestado real de
incompetência matrimonial! Depois do meu histórico de inúmeros
namorados após romper com Wilmer, isso seria a cereja do sundae! Que merda!
— Que merda sua filha da puta! — nem sei se falei alto, mas falei.
— Foi mal amiga! Só fiquei pensando em fazer você se sair bem, eu já
estava com umas caipirinhas na ideia... Me perdoa. — Sel estava mais
preocupada com ser desculpada do que em como eu resolveria a situação!
— Preciso ligar pro Joe!
Tentei. Telefone fora de área ou desligado, mais uma vez. Pra que ele me dá
um número se não consigo falar com ele? Mandei uma mensagem
explicando a situação.
Só lá para as duas da tarde que recebi uma mensagem em resposta. Nossa,
como esse cara dorme!
“ O que você quer?”. Curto e grosso, ou melhor, curto e muito grosseiro!
“ Precisamos  rever valores. Preciso de um noivo”.
Respondi profissionalmente.
“ Como é? Você quer alugar um noivo?”. Ele entendeu. Respondi que sim e a
mensagem dele veio em seguida.
“ Acréscimo de período?”
“ Sim, sem agendamento prévio, full time. Isso é possível ou vamos desfazer
o negócio?”. Precisava saber logo de uma vez. Sel estava dependurada no
meu ombro! Mais nervosa que eu! Claro, fez merda!
— Selena, quero deixar claro que se ele topar, você vai pagar metade do valor.
— Muito justo! — ela que é tão mão de vaca nem pestanejou.
Dessa vez a resposta dele demorou um pouco mais. Acho que uns dez minutos.
Por fim chegou.
“ Tá falando sério? São dois meses daqui até o casamento do seu irmão”. Se
ele estava preocupado com o valor, eu muito mais! Já estava até me vendo
acenando um largo adeus ao meu décimo terceiro.
“ Sim. Preciso alugar um noivo, que finja viver comigo.”. Pronto, mandei
de uma vez e seja lá o que Deus quiser.
A resposta demorou muito mais dessa vez, acho que meia hora.
Fui tomar um cafezinho e quando voltei estava lá o símbolo do envelope na
tela. “ Você já fez as contas? Por alto?”. Na verdade não, e antes de responder
puxei a calculadora do canto esquerdo na tela do computador. Ele disse
trezentos por dia, vezes sessenta dias... Minha Nossa Senhora. Afundei na cadeira.
Dona Selena estava na sala do chefe, sendo pisoteada mais uma vez por
nenhuma razão plausível. Não dava pra mostrar a ela a merda que ela me arrumou!
“ Você aceita parcelar? Faz desconto por pagamento à vista? Ou crediário?”.
Ele respondeu quase que instantaneamente “ Você me mata de rir, Demetria!
Eu tenho cara de Casas Bahia?”
Foi com essa resposta que me vi dando adeus a minha dignidade diante da
família e amigos, porque eu não tinha dezoito mil Reais pra pagar a um
garoto de programa!
Carol desabou na cadeira ao meu lado.
— Eu te odeio Sel!
— Ai meu Deus, ele recusou?
— Olha aqui quanto sai trezentos reais por dia, por um mês!
— Caralho! Nove mil por mês? Puta que pariu ele ganha muito mais que a gente!
— Mas são dois meses sua idiota!
— Dezoito... — ela deu uma engasgada — Dezoito mil reais??
— À vista!
Sel parecia pensar seriamente no assunto.
— Pode aceitar! — resolveu de repente, mas sem tirar os olhos da tela do
seu computador.
— Tá maluca??
— Tô baixando minha aplicação da poupança... — estiquei os olhos e vi o
site do banco! Ela é muito mais louca que imaginei! — Me dá aqui o celular
que eu mesma conserto essa merda.
Pegou meu celular e digitou uma mensagem. Ouvi o aparelho apitar e
quando tentei pegá-lo ela não deixou! Mandou outra mensagem sorrindo e
então se levantou pra ir ao banheiro, mas levou meu aparelho!
E devia estar com dor de barriga! Só voltou quarenta minutos depois. Com
uma cara orgulhosa que me fez preocupar de imediato! Levantei com tanta
vontade que senti vários pares de olhos em cima de mim.
Depois desabei na cadeira quando comecei a ler as mensagens.
— Selena, era pra consertar, não pra esmerdar tudo de uma vez, sua puta!
— Não precisa agradecer. Acho que está mesmo precisando, está tão...
irritadinha com tudo. E que papo é esse de que você tem um vibrador e nem
me contou?
E com isso ela se concentrou nos documentos que estava analisando. Voltei
a reler as mensagens, ela não tem mesmo noção de nada nessa vida!
Casas Bahia? Kkk, você me mata de rir. Ok, pago sua mensalidade, uma
parte em adiantamento, uma na virada do mês e o restante no dia seguinte
ao casamento. - D
Fechado. –J
Só mais uma coisa, se eu quiser sexo, tem acréscimo de valor? Afinal já
está bem caro! – D
Você tá falando sério? – J
Sim. Tenho pensado muito em você. – D
Pensando? No que exatamente? – J
Em você dentro de mim, pra ser bem exata. – D
Uau, Dona Débora, que evolução! Me pergunto no que mais andou
pensando... – J
Tenho certeza de que anda se perguntando. Agora me responda, dezoito
mil e sexo de vez em quando? Ou ... de vez em sempre... – D
Dezoito mil e o sexo que você quiser quantas vezes quiser. – J
Acho que muito. – D
O que houve com aquele vibrador na sua gaveta? Quebrou? Você está
muito diferente da garota de ontem. – J
Você andou mexendo nas minhas coisas? Que xereta! – D
Queria vesti-la, mas quando vi o vibrador, achei melhor não, para não constrange-la. – T
Juro que não me lembro de nada daquela noite! – D
Peguei suas chaves na bolsa, entramos, te coloquei no chuveiro, depois na
cama, nos beijamos e fui embora. – J
Gosto de beijar você, gosto da sua língua na minha boca, acho que vou
gostar do seu pau dentro dela também, quero fuder com você. – D
Seu desejo é uma ordem. Farei o possível para fodê-la tão gostoso que
queira me pagar mais dezoito mil pra isso. – J
Kkkkk, assim espero! Esse noivado tá saindo quase o preço de um casamento! – D
Não chora. Façamos assim: sua satisfação garantida ou seu dinheiro de volta. – J
Agora sim tá com cara de Casas Bahia :) Preciso ir. Te ligo amanhã pra
acertarmos, ok? – D
Ok. Tchau, minha noiva – J
Tchau, noivo – D.
Ainda que quisesse matar a Sel, a quem estava tentando enganar?!
Estava louca de vontade de transar com ele! E por dezoito mil Reais eu
merecia tudo a que tinha direito! Ah caralho! A quem estava tentando enganar?! Não
sei se teria coragem! Sempre saberia que foi por dinheiro, que fui comida por que
paguei por isso. Eu sei lá... isso era... estranho.
No dia seguinte foi o Joe quem ligou.
— Oi, Demetria.
— Oi, Joe... Sobre ontem...
— Fique tranquila, não vou cobrar tudo de uma vez.
— Então... você topa mesmo?!
— Sim, mas não posso me mudar de verdade pro seu apartamento.
— Eu compreendo isso, nem pensei que o faria, mas é que as meninas
estão marcando um chá de calcinha e...
— Chá de calcinha?
— Um chá de lingerie pra Miley, e vai ser no meu apartamento.
— Quando vai ser isso?
— No sábado agora.
— Sábado agora?? — ele pareceu surpreso.
— Você não pode né? Já havia feito sua agenda...
— Espera. Pare de falar um pouquinho, me deixe pensar. — puxa — Amm...
Façamos o seguinte, vou deixar umas roupas e umas coisas minhas no seu
apartamento e se der apareço antes delas irem embora, caso contrário te
mando um sms avisando. Pode ser assim?
— Assim tá perfeito.
— Ok. Tenho compromisso a partir de amanhã, então, passo lá mais tarde, tudo bem?
— Tudo bem.
Ah meu Deus, depois daquelas mensagens que a inconsequente da Sel
mandou, teria que encarar o Joe, assim.... tão depressa! Hoje?!
Assim que cheguei em casa fui direto para o chuveiro, precisava pensar e
não havia lugar no mundo melhor pra criar diálogos imaginários quanto o chuveiro.
Já ganhei inúmeras discussões e até mesmo uma briga! Sem sair do chuveiro.
E foi pensando e pensando que o Joe chegou e eu ainda lá, debaixo d’água.
Corri pra atender a porta de toalha mesmo, que hipocrisia me vestir às
pressas se o cara já tinha me visto nua em pelo.
— Oi, eu... estava no banho.
— Percebi. Boa noite, querida, como foi seu dia? — ele estava me zuando? Sério isso?
— Foi trabalhoso. Entra.
Joe passou pela sala sem cerimônias com uma mala pequena, uma sacola
grande e uma mochila.
Deixou a mala no meu quarto e entrou no banheiro já abrindo a mochila,
mas voltou no mesmo pé, deixando a porta aberta.
— Estava tomando banho ou fazendo sauna?
— Pensando na vida.
— Gastando a água do Planeta. — Olha só! Um garoto de programa ecológico!
Ele voltou para o banheiro e fui atrás pra saber o que estava fazendo.
— O que tem aí?
— Coisas de homem.
Joe empurrou sem a menor sutileza meus hidratantes, máscaras faciais
e sabonetinhos para um canto da pia e do outro lado deixou uma loção pós
barba da Ralph Lauren, um vidro de perfume Paco Rabanne, ahh não era Armani,
mas Paco Rabanne... também um cortador de unhas grande e metálico, pente,
escova de dentes e um barbeador elétrico no armário debaixo da pia. Se esticou todo
pra não entrar no box e deixou na prateleira de vidro um shampoo para homens
da Dolce & Gabbana. Nossa. Ele só usa coisa cara.
Passou quase roçando o corpo no meu e saiu do banheiro.
Tirou da mala que trouxe, um par de chinelos e um par de tênis Nike meio
encardidos e deixou num canto atrás da porta.
— Não tire ele daqui.
— Tá.
Caraca, a mala dele era toda arrumadinha, com roupas enroladinhas e
apesar de pequena cabia muita coisa! Joe me disse que não se mudaria de

verdade mas estava parecendo que estava se mudando em definitivo! Era
tanta roupa que ele tirou de lá!
Calça, blusa, blusão, meia, cueca, tinha de tudo! Desembrulhou um terno e
colocou tudo sobre a cama.
— Onde é minha gaveta?
— Eu não tinha pensado ainda.
— Bom, eu sou mais alto que você, acho justo ficar com a gaveta de cima.
— Eu não ligo pra essas coisas. — claro que eu estava ligando! O cara é
muito cheio de marra!
Puxei minha gaveta de baixo que tinha poucas blusas e troquei pela gaveta
de cima, que tinha calcinhas e remanejei as outras coisas, de modo que as
duas gavetas de cima ficaram livres e as três de baixo ocupadas por mim.
Ele ia arrumando as coisas rapidamente, enquanto eu dava espaço no
guarda roupas.
Achei inusitado que ele não estivesse constrangido, mas parecia se divertir
imensamente com tudo aquilo.
Por último, foi até a área de serviço e despejou as roupas sujas dele no
cesto misturando com as minhas.
— Pronto, Demi, agora moramos juntos.
— Você pensou em tudo.
— Quase tudo, você precisa comprar coisas de homem, para a geladeira.
— O que seriam coisas de homem pra geladeira?
— Salaminhos, queijos, molhos apimentados, essas coisas. E não se
esqueça do meu pão integral, eu só como pão integral.
— Tá falando sério?
— Estou, mas abro uma exceção para a pizza, topa?
— Pizza, tá legal e já que está dando uma de homem da casa, pede você.
Minha metade é de calabresa. Enquanto isso vou colocar uma roupa.
A entrega não demorou a chegar, esse era o bom de pedir pizza na terça-feira.
Calabresa e Portuguesa. Ele pediu bem. Também não ficou de frescura
com o vinho, pelo contrário, até elogiou. Esse cara deve pegar só essas mulheres
cheias da grana, porque o bichinho sabia o que era coisa boa!
Derrubamos (garganta abaixo) a garrafa de vinho italiano, disse ele que era
um dos seus preferidos, e concordamos muito sobre o tipo do vinho: seco,
nunca o suave!
Até que tínhamos muitas coisas em comum! Ele era fã de Sheldon Cooper,
eu também, ele gostava de muitas músicas que eu também gostava, não é
porque disse a ele que curtia samba que só curtia samba! Ele disse que sabia
cozinhar e fiquei curiosa em saber como ele vivia. Será que morava num lugar pé de
chinelo?
Não que o meu apartamento no Largo do Machado fosse alguma coisa
extraordinária, mas era um dos antigos e era bem amplo. Quando dei por
mim estava analisando o cabelo dele e não resisti em perguntar, porque havia
pintado.
— Você é curiosa... Bem, na verdade estava pintado antes, de castanho
escuro, essa é a cor natural dos meus cabelos.
— Dourado. Seu cabelo é lindo.
— Obrigado, o seu também é, gosto do jeito como fica quando seca ao
natural.
Ele estava me sacaneando com certeza, meu cabelo, castanho escuro em
camadas, só ficava legal com uma boa escova!
— E você... faz o que durante o dia?
— Durante o dia? Como assim? O que imagina que eu faça?

Continua...